O câncer de mama é uma das principais causas de mortalidade entre mulheres no Brasil, e o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza serviços de rastreamento, diagnóstico e tratamento, incluindo cirurgias. Entretanto, ainda há grandes desafios quanto ao acesso e à equidade desses serviços. Este estudo descritivo e quantitativo analisou dados do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) pelo DATASUS, avaliando, por ano, região e caráter de atendimento, quatro categorias de procedimentos cirúrgicos de mama: mastectomia radical com linfadenectomia axilar, mastectomia simples, ressecção de lesão não palpável e cirurgias conservadoras (segmentectomia, quadrantectomia, setorectomia). Houve 94.089 cirurgias entre 2019 e 2023, destacando uma queda acentuada em 2020 devido à pandemia de COVID-19, que impactou diretamente o rastreio, os diagnósticos e os procedimentos de câncer de mama com o remanejamento de profissionais e a reestruturação dos serviços de saúde. A região Sudeste concentrou 48,6% do total de procedimentos, sendo a área com maior número absoluto de cirurgias, enquanto o Centro-Oeste registrou o menor número e o Norte foi a única região a apresentar crescimento anual no período. Observou-se um aumento nas cirurgias conservadoras em 2021 e 2022, ultrapassando as mastectomias radicais, embora as mastectomias ainda sejam maioria. Predominaram os procedimentos eletivos em todas as regiões. Os dados indicam uma recuperação gradual do número de cirurgias após o impacto inicial da pandemia, disparidades regionais no acesso aos serviços cirúrgicos e uma tendência de aumento nas cirurgias conservadoras. O estudo conclui que, apesar dos avanços em número e tipo de procedimentos, o Brasil enfrenta grandes desafios para garantir um acesso equitativo, diagnóstico precoce e tratamento mais uniforme e eficaz do câncer de mama no país.